Áreas Estratégicas para a Conservação e Restauração da Biodiversidade no Estado do Paraná – AECR
O mapeamento das Áreas Estratégicas para a Conservação e Restauração da Biodiversidade (AECR) do Paraná tem o intuito de fornecer informações e subsídios técnicos fundamentais para aplicação em projetos ambientais, no cumprimento da legislação ambiental vigente e na formulação e execução de políticas públicas.
Nesse intuito, o IAT desenvolve uma ferramenta para gestão ambiental com base no planejamento da paisagem, que permite delimitar e monitorar as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade paranaense.
A implementação de ações com base nesse estudo é de fundamental importância para direcionar as políticas de conservação da biodiversidade do estado Paraná com vistas a contribuir para o alcance das metas do Marco Global de Biodiversidade, estabelecidas na 15ª Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica. Esse acordo histórico, estabelecido em dezembro de 2021 em que o Brasil é parte, visa proteger 30% das áreas naturais e restaurar 30% dos ecossistemas degradados (CBD/COP-15, Montreal, 2022).
O planejamento da paisagem com base nas AECR é importante ferramenta para a gestão territorial como estratégia para conservação da flora nativa remanescente, para a proteção da fauna silvestre em vida livre, para a restauração de áreas degradadas e para a formação de corredores ecológicos.
Conforme a , as Áreas Estratégicas para a Conservação da biodiversidade no Estado do Paraná são elaboradas em duas modalidades: modalidades de Áreas Estratégicas para a Conservação da Biodiversidade e Áreas Estratégicas para a Recuperação da Biodiversidade.
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As Áreas Estratégicas para Conservação da Biodiversidade referem-se a áreas cujos remanescentes florestais nativos ou outros atributos físicos ou biológicos determinem fragilidade ambiental, são consideradas de relevância, sendo sua conservação necessária para a manutenção da biodiversidade no Paraná;
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As Áreas Estratégicas para Recuperação são aquelas essenciais para a manutenção dos fluxos biológicos, para a formação de corredores ecológicos e manutenção da estabilidade física do ambiente.
Em 2022 foi realizada a última atualização do mapeamento com base em dados dos levantamentos de vegetação realizados pelo IAT e também com a utilização de imagens históricas do MapBiomas, resultando no mapa abaixo (Figura 1):
O mapeamento das Áreas Estratégicas para a Conservação e Restauração da Biodiversidade do Paraná (AECR) foi iniciado em 2009 e vem sendo atualizado ao longo dos anos. A atualização feita em 2022 foi realizada com o aprimoramento das informações utilizando imagens de satélites com maior resolução e histórico de imagens do MapBiomas (1985 a 2020) que possibilitou definir o tempo de existência dos fragmentos florestais como indicativo de seus respectivos estágios sucessionais. Como a Resolução SEMA/IAP 005/2009, que oficializou o mapeamento, estabelece que todos os fragmentos em estágios médio/avançado são considerados estratégicos para conservação, esse estudo resultou em um incremento de áreas estratégicas para conservação no Paraná (Tabela 1).
| 2016 | 2022 | Diferença 2016-2022 | ||||
| Áreas Estratégicas | Área (ha) | % PR* | Área (ha) | % PR* | Área (ha) | % PR* |
| Conservação | 2.380.066,50 | 11,95 | 5.086.288,50 | 25,45 | 2.706.222,00 | 13,5 |
| Restauração | 6.351.075,80 | 31,88 | 5.642.474,90 | 28,23 | -708.600,90 | -3,65 |
| TOTAL | 8.731.142,30 | 43,83 | 10.728.763,40 | 53,68 | 1.997.621,1 | 9,85 |
O mapeamento das AECR deve ter sua atualização periódica, sendo que a informa sobre a última atualização desse mapeamento.
Acesse os dados do mapeamento das AECR
O dado geográfico pode ser visualizado no webgis neste link.
Versões em PDF disponíveis
Identificar e monitorar as áreas de maior importância biológica e áreas de maior relevância para restauração, possibilitando que a gestão do patrimônio natural do Paraná seja efetuada com respaldo técnico embasado no planejamento de paisagens sustentáveis:
- Identificar lacunas para formação de novas Áreas Protegidas;
- Identificar áreas de maior importância para formação de corredores ecológicos buscando a conectividade entre os fragmentos remanescentes de vegetação nativa;
- Indicar Áreas prioritárias para projetos de restauração;
- Indicar áreas para a Compensação de Reserva Legal, conforme legislação vigente;
- Identificar e apoiar os produtores rurais que possuam áreas de grande valor biológico;
- Promover a divulgação de dados e materiais informativos que alcancem a sociedade afim de incrementar a conscientização sobre a importância da conservação da biodiversidade e os possíveis impactos à qualidade de vida, especialmente quanto aos serviços ecossistêmicos e sua importância na adaptação às mudanças climáticas.
- Ressaltar a importância da conservação dos remanescentes de vegetação nativa - conscientizar a sociedade.
Conservar Remanescentes de Vegetação Natural
No passado, o Paraná apresentava 83% de cobertura florestal e 17% de formações não florestais (campos e cerrados) e vegetação pioneira. Contudo, o processo desordenado de uso e ocupação do solo somado à expansão da fronteira agrícola e pecuária, acarretou na redução e degradação dos ambientes naturais.
Além disso, os diversos ecossistemas presentes no Paraná não apresentam sua biodiversidade suficientemente representada em áreas protegidas de forma a garantir que as futuras gerações conheçam e possam usufruir os benefícios por ela gerados.
Sendo assim, é vital a conservação dos remanescentes de maior importância biológica, e para isto é imprescindível a identificação dessas áreas através de um mapeamento .Este mapeamento das AECR no Paraná, facilita o planejamento de ações e políticas públicas, as quais deverão estar voltadas para incentivar a criação e conservação tanto de Áreas Protegidas Públicas (Parques, Estações Ecológicas, etc.) como também para conservação de áreas particulares, oferecendo oportunidades e benefícios àqueles proprietários que possuem áreas naturais
Estabelecer Corredores Ecológicos
Atualmente a cobertura florestal do Estado do Paraná, além de reduzida, encontra-se fragmentada, formando uma “colcha de retalhos” representada por verdadeiras ilhas de vegetação nativa em uma paisagem onde predomina o uso agrícola do solo e isola as espécies que ali habitam, tanto de flora como de fauna.
Esse isolamento acarreta o comprometimento da estrutura desses ambientes, resultando em florestas bastante alteradas e empobrecidas, além de perdas genéticas, as quais ao longo do tempo poderão resultar na extinção de espécies.
Além disto, as consequências danosas da fragmentação das florestas podem ser agravadas pelos efeitos das mudanças climáticas, pois o isolamento dificulta a dispersão e migração de espécies para outras regiões, atrapalhando a adaptação destas ao novo clima que está sendo estabelecido no planeta e provocando a extinção pontual das mesmas em outras regiões.
Para evitar e minimizar os danos causados por essas alterações, a estratégia cientificamente recomendada é a restauração das áreas entre os fragmentos formando corredores ecológicos, que restabelecem os fluxos biológicos, pois propiciam o deslocamento da fauna e dispersão da flora.
Neste sentido, o mapeamento de áreas estratégicas para restauração identificou as áreas que apresentam necessidade de serem recuperadas, como as matas ciliares ao longo dos grandes rios e a vegetação entre os maiores fragmentos
I. Áreas Estratégicas para Conservação - AEC:
- As Unidades de Conservação Federais e Estaduais de Proteção Integral e as Unidades de Conservação de Uso Sustentável de domínio público (Anexo I);
- Para o cômputo das Unidades de Conservação Federais com território que abrangem também estados vizinhos, foi contabilizada somente a área incidente sobre o Estado do Paraná.
- As categorias Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIES) e Florestas de domínio público foram consideradas nessa modalidade por apresentarem características de alto valor biológico, com objetivos de conservação, sendo algumas com indicativo de mudança para o grupo de Proteção Integral.
- As Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs (Anexo II);
- Foram consideradas as RPPNs que possuíam dados georreferenciados disponíveis junto ao IAT, Núcleo de Inteligência Geográfica e da Informação (NIG). Deve ser ressaltado que, na medida em que novos dados georreferenciados forem sendo disponibilizados ao IAT, as RPPNs deverão integrar esse mapeamento nas suas atualizações futuras.
- As Terras Indígenas (Anexo III);
- Os remanescentes florestais estágios primário, médio e avançado - (Anexo IV);
- Para o estabelecimento deste dado, referente ao artigo 3º da Resolução Conjunta SEMA/IAP 05/2009, foram utilizados como base os resultados do mapeamento de vegetação nativa realizado pelo IAT (NGI) 2021, considerando os fragmentos maiores que 1ha bem como os dados históricos do Mapbiomas para detecção de idade de permanência dos fragmentos florestais.
- Realizado o desconto e exclusão das massas d´água (leito dos rios e oceano).
II. Áreas Estratégicas para Restauração - AER:
- Áreas Prioritárias para Conservação classificadas pelo Ministério do Meio Ambiente para o Estado do Paraná, conforme normativas publicadas pelo MMA (versões do Mapa MMA/2007, acrescidas do mapa – MMA/2018 para os Biomas Mata Atlântica e Cerrado);
- Áreas que visam a formação de Corredores Ecológicos e conexões considerados estratégicos para restauração e conservação dos fragmentos florestais incidentes - (Anexo V);
- As áreas do Projeto Rede da Biodiversidade (Decreto Estadual nº 1006/1999) e consideradas prioritárias pelo Decreto 3320/2004, em faixa de 5 km dos grandes rios, contendo os limites das áreas para restaurar com o objetivo de constituir Corredores Ecológicos e suas conexões;
- Os limites propostos para constituir os corredores do Projeto Paraná Biodiversidade (2003 a 2009): Corredor Iguaçu - Paraná, Corredor Araucária e Corredor do Rio Paraná;
- A área do estudo para formação do Corredor da Araucária (2010), conforme estudo técnico realizado fundamentado nos critérios dos Artigos 9º e 10º da Resolução Conjunta 05/2009;
- As Unidades de Conservação de Uso sustentável de domínio privado; (Anexo VI);
- As Zonas de Amortecimento de Unidades de Conservação de Proteção Integral conforme os mapeamentos contidos em seus respectivos Planos de manejo (Anexo VII);
- Os Entornos protetivos, como buffer de 3 km, para as 33 Unidades de Conservação Federais e Estaduais de Proteção Integral e as UCs de Uso Sustentável de domínio público que não possuem Zonas de amortecimento definidos, excetuando-se APAs, AEIT e RPPNs.
- Foram efetuadas exclusões (descontos) para as seguintes situações:
- Malha urbana a partir da base de dados espaciais gerenciados pelo Paraná Cidade;
- Todas as áreas consideradas como Áreas Estratégicas para Conservação 2022;
- Áreas marinhas e de leito de rios.
O cômputo das Áreas estratégicas para Conservação e Restauração da Biodiversidade na atualização 2022 resultou no seguinte quadro de áreas:
| Áreas Estratégicas | Área Total (ha) |
|---|---|
| Conservação | 5.086.288,5 |
| Restauração | 5.642.474,9 |
Após o mapeamento das Áreas Estratégicas para Conservação e Restauração, identificou-se a necessidade de aprimorar as informações e diretrizes que orientam a definição de prioridades com base em critérios técnicos. O planejamento sistemático de priorização espacial é fundamental para reconhecer quais áreas demandam ações mais imediatas e específicas, garantindo que os recursos e esforços aplicados sejam efetivos nas tomadas de decisão. Ao estabelecer tais prioridades, as ações legais e as políticas públicas estratégicas voltadas à conservação podem ser executadas de forma mais direcionada e eficiente.
Nesse contexto, esta etapa do trabalho multidisciplinar buscou desenvolver uma metodologia de priorização dos remanescentes florestais, utilizando análises espaciais associadas a critérios da ecologia da paisagem. A partir do mapeamento da vegetação nativa (NGI/IAT, 2021) que identificou fragmentos superiores a 1 hectare, foi elaborada uma matriz de critérios técnicos que envolveu o tamanho dos fragmentos, a idade (tempo de permanência) e a localização na paisagem.
Assim, foi possível classificar os remanescentes em três categorias de prioridade: Alta, Muito Alta e Extremamente Alta (incluindo unidades de conservação, áreas de várzea, restinga e mangue). Ao todo, foram identificados 161.497 polígonos, correspondendo a uma área de 5.577.158,40 hectares em todo o estado. Os objetivos desse mapeamento visam subsidiar ações e medidas específicas, adaptadas ao contexto de cada fitofisionomia, ampliando os benefícios para a conservação, tais como:
- Identificação de áreas potenciais para a criação de Unidades de Conservação;
- Identificação de áreas prioritárias para a formação de Corredores Ecológicos;
- Definição de áreas para compensação de supressão florestal, conforme a Lei nº 11.428/2006 (Lei da Mata Atlântica);
- Definição de áreas para medidas compensatórias, conforme a Lei nº 9.985/2000 (Lei do SNUC);
- Aplicação em projetos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA);
- Monitoramento da vegetação nativa;
- Participação no mercado de créditos de biodiversidade e de carbono;
- Implementação de outras políticas de incentivo à conservação da biodiversidade.
Resultados principais
Após a finalização do mapeamento, foi possível identificar a quantidade total de polígonos e a área mapeada para cada classe de prioridade no estado do Paraná. A classe de prioridade Extremamente Alta (P1) possui 151 polígonos, totalizando 1.782.360,03 hectares. A classe Muito Alta (P2) reúne 43.635 polígonos, correspondendo a 2.326.322,97 hectares. Já a classe de prioridade Alta (P3) apresenta 117.711 polígonos, somando 1.468.727,20 hectares. A quantidade de polígonos e o total de áreas mapeadas por prioridade em cada região fitogeográfica estão detalhados na tabela 2 a seguir.
| Região Fitigeográfica | Prioridade Extremamente Alta (P1) - Área (ha) | Prioridade Muito Alta (P2) - Área (ha) | Prioridade Alta (P3) - Área (ha) | Total de Remanescentes - Área (ha) |
|---|---|---|---|---|
| Floresta Ombrófila Mista | 812.963,80 | 1.318.593,70 | 583.819,00 | 2.765.927,60 |
| Floresta Estacional Semidecidual | 11.901,60 | 498.109,00 | 798.658,70 | 1.502.708,00 |
| Floresta Ombrófila Densa | 360.327,10 | 189.977,80 | 11.101,10 | 748.976,90 |
| Estepe (Campos) | 243.150,90 | 220.638,10 | 63.568,00 | 545.411,80 |
| Savana (Cerrado) | 3.741,30 | 5.547,40 | 3.044,20 | 14.134,10 |
| Total | 1.432.084,70 | 2.232.866,00 | 1.460.191,00 | 5.577.158,40 |
* As estatísticas referentes à Estepe (Campo) somente se aplicam à cobertura florestal existente nessa região fitogeográfica, pois não há dados disponíveis sobre remanescentes de Estepe no Paraná.
A distribuição espacial dos remanescentes prioritários para conservação pode ser observada no mapa abaixo. Nele, é possível visualizar os fragmentos florestais identificados e suas respectivas classes de prioridade. Esse material é uma ferramenta essencial para o planejamento e implementação de ações de conservação, permitindo uma tomada de decisão estratégica e embasada para a proteção e gestão das áreas de maior relevância para a biodiversidade.
Figura 4. Mapa dos remanescentes prioritários para conservação no estado do Paraná. As áreas destacadas em verde correspondem às Unidades de Conservação de domínio público classificadas com Prioridade Extremamente Alta.
Para informações detalhadas sobre os métodos e resultados desse mapeamento acesse o material completo Metodologia de Priorização de Remanescentes.
Conclusão
O mapeamento identificou que a Floresta Ombrófila Mista concentra a maior área de remanescentes florestais no Paraná, porém apresenta baixa proteção por Unidades de Conservação de Proteção Integral (0,99%), além de elevada pressão de desmatamento. Essa formação também reúne a maior área classificada como Prioridade Extremamente Alta para conservação, evidenciando a necessidade de ações urgentes, como criação de novas Unidades de Conservação e pagamentos por serviços ambientais. A Floresta Estacional Semidecidual possui o menor número de remanescentes em prioridade máxima, consequência da perda de habitat e da fragmentação histórica. Nessa região, as principais recomendações envolvem restauração ambiental e formação de corredores ecológicos. A Floresta Ombrófila Densa é a formação com melhor conservação, maior cobertura florestal nativa e maior quantidade de áreas protegidas, favorecida pela legislação e pela menor pressão de uso e ocupação do solo. Na região dos Campos (Estepe) ainda há lacuna de dados, impossibilitando diagnósticos precisos. Assim, torna-se urgente o mapeamento detalhado dessa fitofisionomia no Paraná.
O estudo reforça que cada região do estado exige políticas e estratégias específicas, considerando suas particularidades ecológicas. Entre os instrumentos aplicáveis estão compensação ambiental, pagamentos por serviços ambientais, criação de novas Unidades de Conservação e ações de restauração. Com a criação do banco de dados de remanescentes e sua integração à Plataforma (dashboard) das Áreas Estratégicas para Conservação e Restauração (AECR) disponibilizado acima, o Paraná passa a contar com uma ferramenta inédita para monitoramento, planejamento e tomada de decisão, fortalecendo a conservação da biodiversidade e contribuindo para o alcance das metas nacionais e globais das quais é signatário.
Os campos naturais, também denominados campos nativos, constituem um conjunto de ecossistemas campestres de grande relevância ambiental e cultural no Paraná. Essa denominação abrange os campos subtropicais do sul brasileiro (Estepe Gramíneo-Lenhosa), os campos tropicais do Cerrado (Savana Gramíneo-Lenhosa) e, de forma mais pontual, os campos de altitude (Refúgios Vegetacionais), assim como áreas de transição entre essas fisionomias. Dentre as principais funções desempenhadas pelos campos naturais está a manutenção da biodiversidade, estimada, somente no Paraná, em mais de 3.000 espécies e mais de 115 famílias botânicas, o que representa aproximadamente metade da riqueza estimada de espécies da flora em todo o estado.
A conservação dos campos naturais resulta em importantes serviços ecossistêmicos, como o provimento de recursos genéticos, a polinização, a estabilização de ecossistemas e a oferta de biomassa alimentar para pecuária, no caso do manejo sustentável de pastagens nativas. Além disso, destacam-se os serviços de sequestro e manutenção de carbono no solo, especialmente nas fisionomias de campos úmidos, bem como sua função essencial na manutenção de mananciais hídricos, tanto em quantidade quanto em qualidade.
Todavia, os campos naturais figuram entre os ecossistemas mais ameaçados do Brasil. Nas últimas décadas, estima-se que mais de 25% da área campestre no sul do país tenha sido perdida em função de alterações no uso da terra, evidenciando o elevado grau de conversão desses habitats. Entre os principais fatores que contribuíram para esse cenário crítico estão à facilidade de conversão para áreas agrossilvipastoris ou expansão urbana e a alta suscetibilidade à invasão por espécies exóticas invasoras. Além disso, a falta de um mapeamento detalhado e de instrumentos legais específicos dificulta a fiscalização e a preservação desses ecossistemas. Diante da carência de um mapeamento preciso, os campos naturais ainda não foram incluídos nos mapeamentos das Áreas Estratégicas para Conservação e Restauração, nem nos Remanescentes Prioritários, uma vez que estes refletem predominantemente a cobertura florestal do estado.
Nesse sentido, destaca-se o projeto “Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção – Pró-Espécies: Todos Contra a Extinção”, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, em conjunto com a atuação dos estados na implementação dos Planos de Ação Territorial (PAT). No Paraná, essa iniciativa se efetivou por meio do PAT Caminho das Tropas Paraná–São Paulo, coordenado conjuntamente pelos dois estados, que gerou ações e produtos de grande importância para a proteção de espécies ameaçadas e para a conservação da biodiversidade em uma abordagem sistêmica, incluindo a região dos campos gerais do estado.
Dentre os diversos produtos gerados pelo PAT Caminho das Tropas, está a elaboração e o lançamento do guia “ ”, criado para orientar o reconhecimento, a proteção e a conservação desses ecossistemas. A equipe técnica responsável pelo material contou com colaboradores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável do Paraná (SEDEST) e da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL) do Estado de São Paulo.


