Indústria de mineração no Paraná cresceu 25,8% no 1º trimestre 26/05/2021 - 15:40

Mineração cresce aliada à tecnologia e cuidado com o meio ambiente. Linhas de crédito com juros reduzidos e maior prazo para recolhimento de tributos impulsionam o setor.

 

A produção das indústrias paranaenses de minerais não metálicos cresceu 25,8% no primeiro trimestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2020. Segundo dados da Produção Industrial Mensal Regional do Instituto Brasileiro de Geologia e Estatística (IBGE), o setor apresentou o segundo maior crescimento do País.

As áreas de extração também demonstram a robustez do setor. Em 2020, geraram R$ 25,44 milhões de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e royalties. A mineração de areia e de rochas para a produção de brita e revestimento, ambas destinadas principalmente para uso na construção civil, são atualmente responsáveis por 62,7% do faturamento extrativista.

Os números apontam para alta depois dos primeiros impactos da pandemia. No primeiro semestre de 2020, a produção da indústria de transformação apresentava uma queda de 8,5%, enquanto o setor mineral não metálico, recuo de 4,2%. Ao longo do segundo semestre, toda a atividade industrial no Paraná apresentou forte retomada de crescimento da produção. Acompanhando essa trajetória, o setor de mineração no Estado encerrou o ano recuperando as perdas produtivas provocadas pela Covid-19 e apresentando crescimento de 8,1%.

No mercado externo, o setor teve o mesmo comportamento. Os fabricantes exportaram US$ 97,7 milhões durante 2020. Do total, US$ 60,8 milhões referentes a ladrilhos e placas (lajes), de cerâmica, cubos, pastilhas, louças sanitárias e tijolos. Em 2020, 27,7 mil pessoas estavam inseridas nesse setor no mercado de trabalho. No primeiro trimestre de 2021, o número subiu para 28,7 mil.

O economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evanio Felippe, explica que um conjunto de variáveis influenciou esse resultado, entre elas o apoio do poder público – governos estadual e federal – ao facilitar o acesso a recursos, como mudanças nos prazos de recolhimento de tributos e, também, nos regimes de contratos de trabalho entre empresas e trabalhadores.

“De um modo geral os primeiros 90 dias foram importantes para entender a evolução da pandemia e, assim, ajustar os níveis de produção à nova realidade econômica, sobretudo ao novo comportamento da demanda”, afirma. A partir de abril, as empresas se moldaram às novas regras sanitárias.

Com relação ao apoio do governo, passaram a ter acesso às linhas de crédito com juros reduzidos, financiamentos mais acessíveis e alívio na carga tributária, postergando o recolhimento do ICMS devido pelas empresas do Simples Nacional, relativo ao regime de substituição tributária e o devido pelo diferencial de alíquota.

O Estado atuou também em renegociações contratuais, com a extensão de prazo para pagamentos de dívidas, e renovou automaticamente as condições do programa de incentivos fiscais por doze meses. São benefícios já aplicados em vários setores, entre eles o da indústria mineral de extração e transformação, predominada por micro e pequenas empresas.

SUSTENTABILIDADE – Presente na economia e com alta representatividade no desenvolvimento socioeconômico, a mineração está se tornando uma atividade cada dia mais sustentável no Estado do Paraná. Protagonista na fabricação de artefatos e cimento para a construção civil, o minerador paranaense investiu em tecnologia.

Fábio Pires Leal, presidente do Sindicato das Industrias de Minerais não Metálicos do Paraná, explica que investimentos em tecnologia e adequação às normas ambientais, ditaram o ritmo econômico. A atuação da Sedest, por meio do IAT, contribui para que a mineração saia da condição de atividade de impacto ambiental.

Leal ressalta que o órgão faz um licenciamento rápido, diferentemente dos outros estados brasileiros. “Hoje o IAT é muito eficiente na fiscalização, no atendimento, e, também, bastante participativo. Isso induziu o crescimento, pois sabe que o empresário não pode esperar”, afirma.

Segundo o presidente, quanto mais desburocratizado for o processo, com respeito aos dispositivos legais, ao social, ao meio ambiente, menor o prejuízo. Ele acrescenta como exemplo o rejeito das minas que antes era desprezado no meio ambiente. Com tecnologia, é prensado e reutilizado, ou retorna para a cava da pedreira.

O secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes, acrescenta que o governo desburocratiza o sistema e também fiscaliza. “Atualmente, quem não se moderniza e adota uma política de preservação do meio ambiente perde venda”, completa. “Nossas ações são voltadas para fazer com que o crescimento econômico caminhe lado a lado com a preservação ambiental”.

Nunes ressalta que o consumidor busca qualidade e honestidade no produto adquirido. Isso só se torna possível com investimento em tecnologia e atendimento às normas jurídicas. Quem se enquadra a esse novo modelo de extração mineral continua crescendo. Esse comportamento mudou o conceito extrativista.  

EXEMPLO – No município de Colombo, a Brasil Mineração trabalha com pedra, brita e agregados, de todo o território nacional. Equipamentos de ponta são responsáveis pela sustentabilidade. Além da extração da pedra, que é transformada em brita, a mineradora também abriga uma usina de asfalto. A tecnologia garante a produção limpa, sem cheiro e fumaça, além da redução de ruído no processo de detonação.

“Hoje operamos com o que existe de mais moderno no mercado. Nossa planta é totalmente automatizada e trabalhamos com foco na minimização de impactos ambientais com bastante sucesso”, afirma Christian Sandre Greca, coordenador de produção. A mineradora reutiliza fresagem para a composição de asfalto novo. O aproveitamento desse material reduz o passivo ambiental dos municípios e da exploração de jazidas.

A Hobi Mineração, há mais de 90 anos no mercado de areia, têm extração limpa e totalmente automatizada. A empresa extrai e beneficia areia para argamassa e concreto usinado. O gerente de produção, Valdecir Farias, ressalta que as mineradoras são muito fiscalizadas e o mercado não comporta outro perfil. “A gente investe na tecnologia, que garante a qualidade do que vendemos, e cuidamos do meio ambiente na nossa área de abrangência”, arremata.

 

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